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sábado, 11 de fevereiro de 2017

O preconceito gerado pelas diferentes traduções e interpretações bíblicas

Ao longo dos meus estudos sobre os verdadeiros ensinamentos de Jesus Cristo eu me deparei com afirmações de pessoas que não condiziam com os dados os quais eu havia pesquisado. Então comecei a me aprofundar no assunto para chegar ao ponto onde a informação foi "adaptada" gerando desinformação e até mesmo preconceitos por parte de alguns grupos religiosos. Vou dividir o tema em partes para melhor compreensão dos leitores.

As traduções da bíblia

A primeira tradução da bíblia feita a partir dos documentos originais (Hebraico) foi para o Grego e, posteriormente, muitas traduções ocidentais utilizaram esta como ponto de partida para, depois, finalmente chegar ao português. Então a primeira ideia que as pessoas precisam ter em mente é entender que existem diversas "bíblias" em português, cada uma com uma tradução diferente da outra. Como consequência, antes de fazer qualquer citação sobre a bíblia a qual você estuda, você deve analisar a origem da tradução da mesma.

A semântica espaço-temporal

A compreensão do significado de uma palavra depende do espaço geográfico na qual a mesma está sendo utilizada e também do período histórico (tempo). Para entender a influência geográfica, basta observar os significados de algumas palavras utilizadas no Brasil e em Portugal. Cito o exemplo da palavra camisola que em Portugal significa camiseta de mangas compridas
Para entender a influência temporal, vou citar uma frase para análise: "Jesus Cristo proibiu a entrada de mulheres de biquíni nas suas igrejas". Quais são os erros apresentados nesta frase? Existem 2 erros muito grosseiros: na época em que Jesus esteve encarnado no nosso planeta, não existia o traje banho denominado biquíni, nem mesmo existiam igrejas cristãs. Desta forma, sem precisar ser um especialista no novo testamento, posso afirmar, utilizando lógica pura e simples, que a frase está incorreta.

Estudar: uma necessidade para os cristãos superarem os preconceitos

Atualmente observamos em várias instituições (empresas, universidades, religiões, etc) uma incapacidade de analisar um espectro mais amplo de determinados temas que fogem da linha adotada/estudada dentro da própria instituição. Este comportamento resultou na criação de um termo bastante utilizado no mercado para contrapor esta situação: "pensar fora da caixa". Em outras palavras, muitas pessoas que fazem parte de uma instituição são incapazes de pensar de forma diferente do que foram ensinadas ou estão acostumadas a trabalhar. Este comportamento gera nas empresas a incapacidade de inovação e nas instituições religiosas a alienação.
Muitos cristãos que são questionados sobre os "erros/adaptações" das bíblias pelas diferentes igrejas acabam se recusando a debater ou estudar o assunto e, muitas vezes, se irritam pois se encontram num estado de alienação. Buscar o entendimento amplo da fé é necessário para que os cristãos não sejam manipulados por pessoas ou grupos que se aproveitam da falta de conhecimento da nossa população.
Dentro das minhas pesquisas sobre as traduções bíblicas, não existe qualquer registro contra o espiritismo, mas algumas pessoas continuam insistindo nesta tese que não tem fundamento. Um dos argumentos mais recentes que tomei conhecimento voltado para defender esta tese foi sobre os estudos do suposto "especialista" em traduções bíblicas James Strong. Ao estudar o assunto, observei que James tem sua carreira originada como professor e presidente de Literatura Bíblica da Universidade de Toy em Nova York. Esta universidade foi fundada pela Igreja Episcopal Metodista dos Estados Unidos, ou seja, os estudos de James são totalmente orientados à linha doutrinária da Igreja e, como resultado, podemos observar algumas falhas grosseiras em seus trabalhos como, por exemplo, ao traduzir corretamente o termo necromante e, ao mesmo tempo, interpretá-lo de forma equivocada equiparando-o ao termo médium (observei que existem divergências sobre a verdadeira interpretação dada por James - cito este exemplo). E como podemos facilmente identificar o erro (acidental ou proposital) nos trabalhos de James ou trabalhos que seguem a mesa linha de racioncínio? A resposta é simples: o significado da palavra médium como um intermediário do mundo espiritual foi amplamente disseminada a partir dos trabalhos de Allan Kardec, cujo início das publicações espíritas iniciou por volta de 1857. Na época de Cristo, a palavra médium não existia com a semântica que conhecemos hoje. Então podemos concluir que algumas "interpretações" de James simplesmente refletem o desejo do seu empregador, ou seja, não possuem a isenção necessária para ser considerado um trabalho científico/técnico de qualidade.

Conclusão

A bíblia de forma alguma registra qualquer informação que conflita com a Doutrina Espírita. Se você tiver alguma dúvida sobre o tema, fique à vontade para registrar um comentário que eu irei estudar e responder na primeira oportunidade. Dedicarei um tempo para responder qualquer questionamento que não seja anônimo (algumas pessoas tem utilizado o anonimato para instigar a intolerância religiosa).
Caso você tenha interesse em se aprofundar no assunto, eu recomento a leitura da obra O Novo Testamento - Tradução de Haroldo Dutra Dias e também do livro Analisando as Traduções Bíblicas de Severino Celestino da Silva.

2 comentários:

  1. Olá, Helton. Concordo que há diferentes traduções da Bíblia e que é bom analisar a origem da tradução que se pretende adotar. Embora essa tarefa não deva ser fácil e nem comumente realizada. Sobre a semântica, imagino que seja um ponto importante e que exige bastante dedicação dos tradutores para escolher as palavras mais adequadas para representar a ideia do texto original.

    Também acho muito bom tentarmos ver as coisas de "fora da caixa" e isso realmente pode não ser fácil quando estamos inseridos em algum grupo que já tem certas interpretações.

    Eu não sou especialista, mas me parece que há sim alguns aspectos citados na Bíblia que entram em contradição com o que se acredita no espiritismo, como a ideia de como a pessoa pode ser salva ou o paraíso. Mas pode ser que seja falta de conhecimento meu.

    Sobre o uso da palavra médium, infelizmente, o link mencionado não está mais válido. Seria bom citar o versículo para que o leitor possa verificar se ocorre o erro na tradução da Bíblia que costuma ler. Não descarto totalmente a possibilidade do erro do senhor James. Mas também, pode ter acontecido que mesmo a palavra médium não exsicando na época de Jesus, o tradutor interpretou que essa nova palavra seria a mais adequada para representar a ideia original. Acredito que isso não ocorra só com a palavra médium e que muitos termos são traduzidos com palavras que não existiam na época para facilitar nossa compreensão.

    Acho que os argumentos apresentados são insuficientes para se concluir que a "bíblia de forma alguma registra qualquer informação que conflita com a Doutrina Espírita". Não concorda?

    No final, você recomenda a leitura da tradução do Novo Testamento de Haroldo Dutra Dias (https://pt.wikipedia.org/wiki/Haroldo_Dutra_Dias).

    Se o fato de James Strong ter pertencido a Universidade fundada pela Igreja Metodista dos Estados Unidos dá a entender que ele cometeu falhas na tradução para se adequar à crença que professava, por que não se pode dizer o mesmo de Haroldo Dutra Dias, que é um reconhecido espírita e teve sua tradução patrocinada por entidades ligadas ao espiritismo? Como saber qual dos dois é mais indicado para fazer uma tradução bíblica? O que diferencia os dois? Será que todas as traduções usam erroneamente o termo médium na passagem citada?

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    1. Oi Mad, as sua colocações são bem pertinentes. Com relação ao link, eu atualizei o texto para corrigir. Com relação ao seu questionamento sobre as influências de crenças pessoais em cada tradução, creio que é uma análise que sempre devemos fazer. Particularmente eu analiso os fundamentos técnicos utilizados no processo, cruzando informações de fontes diferenciadas (história, semântica, linha de pensamento da figura em estudo, etc) para poder construir meu próprio raciocínio de forma mais lógica possível. Eu recomendo que as pessoas analisem todas as possibilidades para poderem fazer um juízo próprio. O que eu considero equivocado é construir verdades absolutas a partir de um estudo limitado e, muitas vezes, direcionados por interesses institucionais. No final, precisamos entender que não estamos lidando com uma ciência exata para produzir resultados 100% confiáveis, mas o aprofundamento do tema pode ajudar a diminuir as barreiras que separam as diversas correntes do cristianismo. E nos mundos atuais, precisamos de muito amor e união, ensinamento básico de Jesus Cristo. Eu fico muito grato pela sua colaboração.

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